quinta-feira, 24 de julho de 2008

Privilegiados...

Sim, eu faço parte...
Sim, eu sou daqueles que de vez em quando, muito raramente, quase nunca, não me lembro da penúltima vez, toma consciência que é de facto um privilegiado... Mas lembro-me da última...
Depois de ter acordado na minha cama, muito cedo, no meu quarto, da minha casa, ter dado um beijo na minha mulher, tomei o meu pequeno-almoço, controlei os downloads, tomei o meu banho, vesti a minha roupa de treino, entrei no meu carro, fui ter a casa do meu amigo, para irmos treinar... Não contei, nem conto o número de vezes que escrevi meu ou minha... O privilégio começa aí mesmo... E não termina...
Enquanto esperava pelo meu amigo e companheiro de treino, estava o "almeida" da Câmara Municipal de Lisboa a limpar o jardim, meteu conversa, e eu desconfiado, não lhe dei grande troco...
Continuou com mais ou duas ou três frases onde se lamentava do trabalho, das dificuldades da vida e de mais um rol de situações que o facto de estar a jogar solitário no meu PDA me impediu de perceber...
Quando se afastou percebi o quanto burro, egoísta e desumano tinha sido... Aquele homem apenas queria dois dedos de conversa e o que conseguiu comigo foram dois abanões de cabeça e uns grunhidos em forma de sim e não...
Não o voltei a encontrar, mas ainda bem, porque decerto iria tratá-lo da mesma forma...
Porque eu sou assim, queria ser diferente, nisto e em muitas outras coisas...
Mas não sou... e lamento-o...

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